quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Always

 A música tocava ao fundo, aquela melodia calma e tranquilizadora, bela... Ele estava ao meu lado, ele sempre estava ao meu lado. Ele olhou pra mim e ao sorrir, duas covinhas profundas apareceram em seu rosto, uma mais funda do que a outra. Ele reconhecera a música, eu também a reconheci, essa mesma tocou naquele primeiro encontro, foi com ela que dançamos pela primeira vez...
 Era uma tarde quente de Novembro, as flores em sua maioria não estavam mais floridas e o ar assumia uma certa densidade que era muito comum aquela altura do ano. Eu, como de costume, estava sentada na janela de meu quarto que dava para rua, ele passou bem embaixo de minha janela. De bicicleta e meio sem palavras ele pediu para que eu descesse. Eu obedeci, afinal o que mais poderia fazer? 
 Quando cheguei no portão da garagem ele estava me esperando, abriu o mesmo sorriso que vi agora a pouco, as covinhas sempre se destacavam quando ele sorria. Em uma das mãos tremulas ele segurava uma pequena rosa, parece clichê quando falo em rosas, mas se tratando de nós dois nada mais é clichê, e mesmo que se torne eu não me importo. Ele estendeu a pequena rosa, que parecia estar desmontando devido ao tremor do seu corpo, e eu a peguei, ele estava sem palavras e eu também, o silêncio pairou sobre nós, mas não era aquele tipo de silêncio desagradável, mas sim aquele silêncio ao qual as coisas são entendidas, são ouvidas, decifradas e guardadas. Ele se aproximou e pela primeira vez pude sentir seu cheiro, a música sova preguiçosa ao fundo fugindo pelas gretas de minha janela... Ele me abraçou, nossos corações se aproximaram e eu percebi que nós tínhamos o mesmo ritmo, percebi que eu me encaixava perfeitamente em seu abraço. Naquele momento nada foi preciso ser dito, apenas sentido e guardado.

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