segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Foco.

Já fui mais meiga, mais simples, já fui melhor. Melhor no ponto de inocência, de acreditar sem questionar. Hoje não dá, não sei como vivia daquela forma, apesar do fato de eu sempre ter sido "pra frente" como diz minha mãe. Eu tenho uma fome indescritível pelo novo, pelo desconhecido. Eu vejo a vida passando e é como se eu estivesse na janela de um ônibus apenas observando o exterior. Esses dias estava viajando e pensando como quando olhamos rapidamente as folhas são apenas um borrão verde, como não formam imagem alguma, apenas formas desconexas. Ai parei para observar melhor, percebi que se forçássemos a vista e os pequenos detalhes fossem reparados e tidos como importantes dava para definir imagens, mesmo que só o ponto que estava no foco ficava distinto e todo o demais fosse um borrão, aquele ponto era magnífico. A cor, era possível sentir a textura das folhas sem tocar, sentir a umidade abundante devido a chuva que não para de cair há duas semanas inteiras. Como aquela área se tornava especial e bela, enquanto o resto passava despercebido, como se fosse apenas um plano de fundo sem importância alguma. Tenho mania de fazer isso em minha vida. Foco em uma área apenas e esqueço de todo o resto, foco de forma até mesmo possessiva, ao ponto de esquecer de tudo, de todo o "plano de fundo" ao redor. Sei o quanto isso é errado, porque se um dia a região focada vir a sair do foco não haverá mais razão e só de pensar nisso me vejo perdida em um borrão absurdo de verde, um borrão sem graça e úmido. Mas ai eu foco no que me faz bem, e as formas vão se definindo. Seu sorriso, seus lábios grossos, o ângulo que seu queixo forma, a cor de sua pele... Com as pontas dos dedos acompanho uma veia que se sobressai em seu braço, acompanho ela até sumir. Pouso de leve a cabeça no vazio entre seu pescoço e seu ombro e toco de leve meus lábios gelados, observo seu corpo se arquear em arrepios involuntários, isso me deixa em êxtase. Amo ver a forma com que meu corpo parece provocá-lo, amo a atração que ele exerce sobre mim. Sua voz, sempre calma, emite ondas de pura paz que pouco a pouco descontraem meus músculos tensos, suas mãos, seus dedos, afagam de leve meus lábios, e mesmo de olhos fechados sei que ele está ali. Não preciso abrir os olhos para focalizá-lo, assim como posso sentir a textura e umidade das folhas verdes sem tocá-las, posso senti-lo, posso apreciá-lo, sem abrir os olhos. Por que ele se tornou o foco, todo o foco, tudo é nada ao seu redor. Ele me faz bem sem esforço, tudo é relativo quando se trata de nós, tudo é relativo se faze-lo feliz me faz feliz. Eu forcei minha vista nele, e quando ele entrou em foco todo o resto saiu. Não há graça sem um foco, e ele se tornou o meu. Os motivos? não preciso explicar, a gente sabe.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Companhia.

E na distância a gente morre um pouco a cada dia, a gente dorme para esquecer, mas esquece que no outro dia ao acordar a gente vai lembrar, porque não dá para esquecer só porque dói. Eu sinto uma falta constante, uma saudade constante e não consigo acostumar. Ao dormir a gente esquece, mas quão ruim é acordar e lembrar, quão ruim se tornaram os dias, quão frias se tornaram as noites, tudo lembra. Quão solitária se tornou a vida. Alguém chega e rouba sua paz, te enche de lembranças e vai, com se fosse fácil ver as lembranças querendo novamente voltar a ser seu cotidiano. E vemos outras pessoas fazendo o que a muito já éramos acostumados a fazer, eu vejo o seu sorriso distante e quero te tocar, seguro-me onde puder em uma vã tentativa de não ir atrás, de largar de mão, de fazer-me orgulhosa e com aquele olhar superior lhes dizer: "não sinto sua falta" quando na verdade morro todos os dias. Morro por saber que estás tão longe, que de mim se esconde e que não posso mais te ter aqui. A companhia se foi, e a única companhia que agora sobrevive aqui é a companhia de sua ausência, ela permanece, ela insiste em ficar, foi tudo o que você deixou aqui.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O que era normal.

As coisas que um dia pareciam para sempre, sempre mudam. Não havia tempo ruim para nós, nunca houve. Não havia essa de não não termos tempo um para o outro, meu tempo era todo seu e o seu todo meu. Eu era sua principal prioridade e você era, e é  o amor da minha vida. Seu sorriso todos os dias era o melhor presente que eu poderia ganhar, ter seu corpo próximo ao meu todos os dias, sentir seu cheiro quando encostava o rosto frio na cavidade entre o ombro e seu pescoço, sentia você estremecer, e eu inspirava forte tentando guardar para sempre a sensação. Quando deitávamos na cama ainda fria do dia vazio, a noite era nossa, a gente esquentava e a noite rendia. Meu corpo, seu corpo, sacudiam juntos nos espasmos do nosso riso fácil. Encaixe de mãos, mãos no cabelo, boca com boca, você falava levinho no meu ouvindo e uma onda de arrepios tomavam conta de mim e você sorria. Janela aberta e o vento frio entrava, você me abraçava mais forte e encostava seus lábios grandes e frios de leve em minha testa, eu fechava os olhos e pedia a Deus de todo coração para sempre tê-lo assim. Dias ruins, seguia o conhecido caminho do alívio, coração na boca e a saudade já apertava, eu sabia que quando te visse tudo passaria. Empurrava a porta você estava no chuveiro, sentava de mansinho na sua cama, mesmo eu não fazendo alarde você sempre sabia que eu estava ali. Você saía do banheiro com sua cueca sempre sexy e sorria, se jogava na cama com o corpo frio e me abraçava, só o toque do seu corpo mudava todo o meu humor, toda a pressão, o peso do dia sumia apenas com um toque seu. E a gente deitava se pegava e se apegava. Nunca vão haver palavras que sejam suficientes para explicar como se tornaram frios os dias sem você, como a vida perdeu a graça, como as ruas de um dia para outro ficaram vazias, como as segundas feiras passaram do meu dia favorito da semana para o meu maior tormento. Não há como explicar como esse lugar se tornou apenas mais um lugar, com uma única diferença, nossas lembranças moram aqui. Elas moram na esquina que você disse que eu estava linda, moram na pequena casa beira-rio que era onde passávamos a maior parte do nosso tempo, no açai da esquina, na escola, no banco que hoje está tão vazio, não importa o lugar sempre haverão lembranças. Têm dias que engulo a saudade, têm dias que a saudade me engole. Não é fácil sobreviver assim, não é fácil mudar de um dia para o outro e ser obrigada a viver todo santo dia com a ausência de alguém que era sua constante presença, não é mesmo. O tempo não para, as lembranças não passam, e cada vez que a lembrança vem é um pedaço do meu coração que fica.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Devida atenção.

    Não é que a pessoa se torne menos importante, mas com o passar do tempo a gente esquece que devemos dar a devida atenção a ela, esquecemos que não é porque que ela está na nossa vida que a teremos para sempre. Não é bem assim.
   As pessoas são como flores em nossa vida, devem ser cuidadas, regadas, tratadas com amor e carinho. Devem se sentir especial, mas com o passar do tempo a gente se acostuma e esquece que hora ou outra essa pessoa pode começar a receber atenção de outra e simplesmente ir.. Não que o sentimento tenha morrido, mas ninguém consegue viver mendigando atenção, não se mendiga amor, não se mendiga carinho, isso tudo é espontâneo, tem que ser.
   Nos preocupamos tanto com os desconhecidos que estão a nossa volta e esquecemos de quem está perto, de quem está ali todo dia, apoiando, nos fazendo sorrir.
   A vida é uma caixinha de surpresas, é uma constante, uma constante mudança, um constante aprendizado, e as coisas são tão passageiras que se nós aprendêssemos isso não pecaríamos tanto ao sempre deixar para outro dia a atenção a ser dada ou o “eu te amo” a ser dito.
   Perdemos pessoas e muitas vezes culpamos elas por saírem da nossa vida quando na verdade fomos nós mesmos que fomos dizendo adeus, dia após dia e nem ao menos nos demos conta disso.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Ela foi.

Gritou com ela e ao meio de um surto mandou que ela fosse embora, fosse para casa e que batesse a porta quando saísse. Ela saiu, mas não bateu a porta, fechou de mansinho... Para onde iria se ele havia se tornado sua casa? Apenas andou, com a convicção de que não precisaria nunca mais de um lar, não fixo. O mundo seria seu lar.

sábado, 13 de julho de 2013

Leve-se...

Queria paz. Só isso, a menina queria paz. Estava cansada da rotina, cansada da pressão, da obrigação, do tempo perdido. Amava demais a vida para perder tanto tempo com nada. Queria o mundo, queria os dias, queria tudo. Era tão pequena em comparação com a imensidão do mundo, mas dentro de si carregava mundos ao qual ela era grande. Sentia dores terríveis altas horas da noite, ou nas claras horas do dia. Sentia alegrias impossíveis de serem descritas. Queria que as pessoas percebessem tanto tempo perdido, queria poder leva a leveza da vida até a alma das pessoas, mas esquecia-se que a maioria das pessoas não queriam isso. Estavam preocupadas demais com os longos e cansativos dias, não tinham tempo para a vida, mau sabiam elas que viviam perdendo tempo. 

Deixar ir

Sentia saudade de tanta coisa, não aprendera a desapegar, nunca aprendeu. A menina insistia em olhar para trás e morrer de saudade, porém agora havia coisas que a prendiam no presente e prometiam até um futuro. A verdade era que agora o passado não voltaria, nem agora nem nunca mais, e sabia que deveria aproveitar seu presente antes que este se tornasse passado e dele só restasse a saudade do que jamais iria voltar.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Medo.

Eu tinha tanta coisa a te dizer, a te explicar, mas tudo quando fosse o momento certo. Ficava adiando as palavras, adiando os momentos, adiando você. Eu te amava, mas era de uma forma tão grande que eu tinha medo. Medo de estar perto de você, medo de sentir seu cheiro, de ouvir suas piadas e gostar delas. Tinha medo de começar a fazer parte dos seus dias, medo de andar de mãos dadas com você, mas principalmente eu tinha medo que um certo dia, quando eu já estivesse acostumada a caminhar de mãos dadas com você, você me soltasse e consequentemente eu caísse. Por incrível que pareça eu tive tanto medo de te perder que eu nunca tive coragem pra te ganhar, e era tão fácil te ganhar... Era só sorrir pra você e você já era minha. Fui um idiota, realmente um idiota. Esses dias te vi, assim de longe mesmo, você também me viu e logo em seguida veio ao me encontro. Me abraçou, mostrou sua saudade, mostrou seu sorriso. Eu sorri e tentei mostrar a você toda a falta que você me faz. Só que dessa vez você não estava sozinha, ele te acompanhava, ele te ganhava e ele te amava no meu lugar. Eu sorri pra você, mas não te ganhei, muito pelo contrario, eu te perdi pelo medo de perder.